Já diria a boca alheia que o que mais tem no mundo é gente chata, pau seco e mosquito no Pantanal. E, realmente, tem gente que nunca está satisfeito com nada. Quando ninguém sabia o que era sustentabilidade o problema era que ninguém sabia; agora que todos falam, o problema é que virou moda. Mas nesse caso essas pessoas de coração amargo têm razão.
Hoje muitas empresas produzem relatórios de sustentabilidade corporativa. No Brasil esse índice chega a 88%, e no Reino Unido praticamente á 100%. Não muito menos que esses valores já se consideram sustentáveis, ou seja, apenas porque emitem relatórios de sustentabilidade, 81% dos chefes executivos do mundo consideram que suas empresas já são sustentáveis. Mas como podem ser sustentáveis, se a emissão de CO2 na atmosfera ainda está aumentando, se a água está esgotando, enfim, se os recursos naturais estão nos seus limites e a pobreza no mundo aumentando vertiginosamente?
É porque virou moda. Por ter um caráter relativamente simples, hoje muita gente acredita saber o que é sustentabilidade. Reciclar o lixo, ajudar um cego a atravessar a rua são ações muito legais, mas sozinhas não mudam o mundo. Precisamos de mudanças profundas; parar, por exemplo, de aumentar o uso recursos. Mudar modelos. Talvez eu tenha virado uma pessoa amarga por causa do “pé na bunda” que levei essa semana, mas realmente esse cenário colorido de um mundo já sustentável me preocupa.
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Rafael Morais Chiaravalloti, biólogo e mestre em Desenvolvimento Sustentável.
Livro: “Escolhas Sustentáveis: discutindo biodiversidade, uso da terra, água e aquecimento global” com Cláudio Pádua, Editora Urbana, 2011, 169 p.
Site: Café com Sustentabilidade
e-mail: rafaelmochi@gmail.com, Facebook, @R_Chiaravalloti.