Depois de um hiato de pouco mais de um ano, eis que ressurge, enfim, o VerDebate, o espaço de entrevistas do Diário do Verde! ^^ Agora com frequência de publicação bimestral (a próxima edição deverá ocorrer em Agosto), em sua quarta edição o blog conta com a presença do Leonardo Valença, cartunista e ilustrador que dá vida a personagens educativos ambientais, dentre os quais merece destaque o Lucas, duende ecológico que contribui para a sensibilização ambiental de crianças e adultos. Veja abaixo informações sobre o autor e não deixe de conferir a entrevista completa na sequência.
Nome: Leonardo Valença Rodrigues (Nome artístico: Léo Valença)
Idade: 39 anos (12/08/1974)
Cidade/Estado: Rio de Janeiro, Rio de Janeiro
Biografia: Cartunista e ilustrador. Dedica-se desde 2002 a produção de cartuns para sites de humor na internet como o portal Ora Pois. Em 2009 recebeu menção Honrosa na categoria charge no II Festival Internacional de Menções Honrosas para Cartunistas no Rio de Janeiro. Em 2010, organizou o livro Aquecimento Global em Cartuns em parceria com o Portal Brazil Cartoon, publicado pela editora PoD (Print On Demand).O site da editora é www.podeditora.com.br. Foi curador da Mostra de Cartuns Ecológicos no Green Nation Fest 2012 e ganhou ainda o Prêmio de Melhor Cartum pelo Júri Popular. No final deste ano, lançou o Almanaque Ecológico do Lucas também pela editora PoD. Apresentado pelo personagem Lucas, o duende ecológico, o almanaque apresenta textos com uma linguagem simples e didática, ilustrações e passatempos que incentivam práticas que conscientizam sobre a importância da preservação ambiental. O Almanaque Ecológico do Lucas é destinado para professores, alunos e escolas de todo o Brasil. Filiado ao WWF e ao Greenpeace, participou da Liga das Florestas em 2012 pelo Desmatamento Zero. Ficou no ranking entre os 50 colaboradores que mais acumularam pontos na coleta de assinaturas pela petição. Sua posição no ranking foi de 42º lugar.
Endereço de e-mail para contato: leovalencarj@gmail.com
Redes-Sociais: Twitter | Facebook.
Tema da 4ª edição: Humor e Sensibilização Ambiental
1 – Diário do Verde: Olá Léo, bem-vindo ao VerDebate, obrigado por sua presença aqui no Diário do Verde. De início gostaria de lhe perguntar: Quando foi que você se descobriu enquanto cartunista e ilustrador? Qual estilo de desenho você começou a desenvolver primeiro?
Leonardo: Desde criança sempre quis ser desenhista. Eu lia muitos quadrinhos da turma da Mônica e sonhava um dia ser um Maurício de Souza. Eu gostava de criar personagens baseados em colegas de sala de aula e vendia as minhas revistinhas para eles. Fiz alguns cursos de desenho no Senac durante a adolescência, entre eles, fiz um curso de desenho de humor que gostei muito. Sempre curti muito humor gráfico e o curso me despertou a vontade de ser cartunista. Comecei a produzir cartuns de forma profissional em 2002, quando iniciei a minha carreira como cartunista ao publicar o meu portfólio num site de hospedagem gratuita na internet. Daí em diante comecei a produzir cartuns para vários sites de humor na rede.
2 – Diário do Verde: A profissão de desenhista no Brasil, infelizmente, não é regulamentada por lei, o que invariavelmente abre espaço para a desvalorização desta importante função no mercado de trabalho. Em algum determinado momento você sofreu por conta de escolher seguir a carreira de desenhista – pessoal ou profissionalmente?
Leonardo: A profissão de cartunista está em franco crescimento, quando considerados os meios para trabalhar, mas é seletivo ao mesmo tempo. Acredito que quem faz o reconhecimento são os profissionais que estão trabalhando e quanto mais pessoas se interessarem pelo humor gráfico tende a chegar em um reconhecimento. Atualmente falta espaço para trabalhar cartuns, tiras e charges na mídia impressa. Já na mídia digital o espaço aumenta. Confesso que enfrento muitas dificuldades na profissão como a estabilidade, a falta de uma regulamentação, mas acredito que esses desafios tornam as conquistas saborosas. Ressalto ainda que, o interessante na profissão é a possibilidade de aprender todos os dias escrevendo e desenhando. O cartunista é um comunicador. Suas ideias são compartilhadas por leitores e admiradores de seu trabalho. Seu trabalho emociona pessoas, transforma ideias, cria um mundo diferente. Os desenhos são uma forma fantástica de passar mensagens. Além disso, desenhar e criar histórias é muito divertido. E nada melhor do que trabalhar com alguma coisa que a gente se diverte fazendo.
3 – Diário do Verde: É visível e de se admirar o seu engajamento na área de meio ambiente. O interesse de atuar na causa verde foi algo que surgiu naturalmente, ou não?
Leonardo: Eu percebia que o tema do aquecimento global atraía cada vez mais a atenção dos profissionais da área de humor gráfico, que o citavam em salões de humor e exposições. O tema da ecologia sempre foi abraçado por artistas e agora mais do que nunca com este problema mundial que atualmente pipoca em forma de reportagens, notas e editoriais. O crescimento no número de concursos que exploram o assunto me chamou a atenção, como exemplo, já tivemos o Salão de Humor pela Floresta Amazônica, Salão do Humor da Amazônia – Ecologia no traço, Ecocartoon entre outros. Em 2007, assisti o Live Earth, na praia de Copacabana, que reuniu cantores em diversos cantos do mundo em torno do aquecimento global. O Concerto me inspirou como artista a contribuir na conscientização do tema através da minha arte. Preocupado com a importância da preservação do nosso planeta e interessado em contribuir no processo de conscientização da população, tive a ideia de organizar a obra “Aquecimento Global em cartuns”. A publicação reúne trabalhos de diversos cartunistas sobre o tema. Posteriormente, pensando na construção de uma comunidade global sustentável, surgiu a ideia de criar o personagem Lucas que trouxesse a importância da sensibilização e da educação, começando por nossas crianças.
4 – Diário do Verde: É muito mais fácil conseguir sucesso na transmissão de uma ideia ao se fazer uso da clareza, espontaneidade e simplicidade. Partindo desse pressuposto, como você enxerga a questão do humor como agente de mudança na questão ambiental?
Leonardo: O cartum como ferramenta de problematização de questões ambientais pode atuar como importante meio de conscientização social acerca dessa temática, principalmente no contexto atual, no qual o planeta carece de novos modelos de gestão dos seus recursos naturais. A agilidade com que a arte ilustrativa transmite conteúdos informativos a um dado observador é encarada como sendo muitas vezes superior àquela das informações verbais veiculadas em forma de texto. Em outras palavras o humor gráfico se configura como uma espécie de chamada persuasiva para o leitor como um “Ei, psiu! Veja isso!”.
5 – Diário do Verde: Há muitas ou poucas pessoas, na sua opinião, trabalhando no sentido de democratizar a informação de uma maneira alegre e divertida?
Leonardo: Há muitas pessoas que atualmente trabalham no sentido de promover uma democratização da informação de forma bem humorada. Os cartunistas por exemplo, através do humor gráfico, realizam um trabalho de edutainment, que quer dizer educação+entretenimento. Acredito que a melhor maneira de educar é através de uma experiência atrativa e prazerosa com base nesses conceitos. O edutainment é a combinação da educação a partir do entretenimento, usando-se normalmente o ambiente lúdico para estimular a aprendizagem.
6 – Diário do Verde: Há muitos desafios a serem superados no sentido de alcançarmos uma sociedade mais sustentável, no sentido amplo do conceito: que seja ambientalmente correta; economicamente viável e socialmente responsável. Seguindo esta lógica de pensamento quais são os maiores desafios que o nosso país tem de superar para ser verde, no seu ponto de vista?
Leonardo: Hoje se fala muito em ecologia e sustentabilidade. Mesmo com essa consciência a perambular pela sociedade, a triste realidade é que ainda são muito poucos os que fazem o mínimo necessário pelo meio ambiente. O papel do setor empresarial e industrial deverá ser o de buscar novos modelos de desenvolvimento e criatividade, mudando atitudes e valores, através de processos que têm como princípio a sustentabilidade ambiental. Este novo cenário deve estar voltado para a busca do reaproveitamento de toda matéria prima ou resíduo utilizado, através de novos processos tecnológicos. Em um futuro próximo, uma empresa ética poderá ser aquela que obtiver os melhores processos de sustentabilidade em seus produtos, pois serão concebidos pensando na preservação do meio ambiente. O produto descartado que puder ser reciclado e reutilizado em um processo produtivo será o grande diferencial. As empresas e indústrias que se comprometerem nesta nova era da ecoeficiência sustentável certamente serão compensadas por suas atitudes éticas para com o meio ambiente e as gerações futuras. E isso nós, como consumidores, devemos exigir. Aprender a consumir de maneira responsável será imprescindível nas próximas décadas. Cabe ao governo também fazer sua parte, através de programas de responsabilidade socioambiental, investindo para um comprometimento com o conceito de sustentabilidade, que é muito falado, porém muito pouco praticado.
7 – Diário do Verde: Ainda que desempenhemos várias tarefas simultaneamente é bem verdade que todo profissional tem um foco de atuação, um assunto que goste mais e tenha paixão em trabalhar por ele. A pergunta que lhe faço é: Qual é o tema da área ambiental que mais chama a sua atenção?
Leonardo: Há vários temas abordados no livro que considero muito importantes como a poluição, desmatamento, queimadas, mas destaco a reciclagem como um ponto bem importante a ser difundido entre os mais jovens.
8 – Diário do Verde: De todos os trabalhos que você desenvolveu há algum que você tenha carinho especial, seja por marcar um momento da sua vida ou lhe tornar um profissional mais conhecido?
Leonardo: O Almanaque Ecológico do Lucas marcou bastante a minha vida e continua ainda, pois o carisma do meu personagem tem atraído cada vez mais a atenção das crianças e dos adultos preocupados com a educação ambiental de seus filhos.
9 – Diário do Verde: No ano de 2010 você publicou o livro “Aquecimento Global em Cartuns”, publicado pela Editora Print OnDemand, que possibilita a compra de livros a partir de um exemplar através da internet. Nele há a participação do personagem Lucas, o duende ecológico, que sensibiliza crianças e jovens, de modo especial, a lutarem em defesa do meio ambiente. Quando surgiu a inspiração para publicar o livro? Os resultados da publicação foram superiores aos resultados esperados por você? Conte mais a respeito dele para os leitores e visitantes.
Leonardo: Pensando na construção de uma comunidade global sustentável, surgiu a ideia de criar um personagem que trouxesse a importância da sensibilização e da reeducação, começando por nossas crianças. Idealizei um personagem que pudesse se dirigir diretamente às crianças e jovens e a partir daí, também chamar a atenção dos adultos. Esse personagem chama-se Lucas, e é um duende ecológico. Ele é um defensor da natureza, com um jeito irreverente, perspicaz e com ações totalmente voltadas para a ética, a consciência ecológica e a sustentabilidade. Lucas busca sensibilizar as crianças e jovens para que adotem atitudes corretas em relação às questões do meio ambiente, da sustentabilidade e uma vida mais saudável. Assim, pensei em criar um almanaque do personagem que pudesse ensinar e ao mesmo tempo divertir com textos fáceis, passatempos e desenhos. O resultado do livro junto ao público infantil tem crescido muito atualmente. O interesse pelo Lucas nas redes sociais, visitas na fanpage do Facebook, tweets e posts em blogs, sites, jornais e revistas aumentam a cada dia. Fico bastante feliz e é gratificante ter esse reconhecimento da crianças pelo meu trabalho. Devido a esse sucesso, estabeleci uma parceria com uma loja virtual de produtos ecológicos, a Rio Eco Consciente, que desenvolveu uma linha de brinquedos inspirada no Lucas (boneco, fantoche, entre outros). Até o final deste mês, pretendo ainda lançar um site dedicado ao personagem.
10 – Diário do Verde: Para finalizar a nossa entrevista gostaria que você deixasse uma mensagem de encerramento. Quais medidas simples você adota no dia-a-dia e pode estar compartilhando conosco, no sentido de incentivar a preservação do meio ambiente em casa, na escola ou no trabalho?
Leonardo: São pequenos gestos e atitudes que adoto em meu dia a dia, que contribuem bastante na preservação do nosso planeta. Economizar energia, o meio ambiente agradece e seu bolso também; evitar o desperdício de água; reaproveitar tudo que puder; o que você não usa mais pode ser reaproveitado por outras pessoas; não jogar lixo em vias públicas, ou em áreas verdes; separar os lixos recicláveis dos não-recicláveis; não criar animais silvestres em casa; usar produtos que consomem menos energia e não agridam o meio ambiente. A Terra é a nossa casa. Satisfazer as próprias necessidades sem reduzir as oportunidades das próximas gerações é prover o melhor para as pessoas e para o planeta, tanto agora como no futuro. Devemos retribuir o carinho com que a Mãe Terra nos acolhe e ajudar neste processo de preservação do meio ambiente.
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