Anualmente são fornecidos cerca de US$ 18 trilhões em serviços ambientais para os seres humanos. No entanto, não nos damos conta desse valor. Alguns economistas voltados para a área de ecologia atribuem a culpa na abundância de recursos, que pela simples lei da oferta e da procura acabam visualmente valendo pouco. O argumento seria esse: é difícil alguém olhar para as Cataratas do Iguaçu ou para o Rio Amazonas e acreditar que um dia a água pode ficar escassa. Assim, o desafio é tornar tangível os US$ 18 trilhões.
O estado tem um papel fundamental. Como os recursos naturais são patrimônios públicos, o estado deve garantir a sua preservação pelo bem comunitário. Leis de controle/fiscalização e políticas públicas para preservação dos recursos são essenciais na busca desse objetivo. O estado sempre deve estar a serviço de uma sociedade melhor.
No entanto, não basta agir sozinho. Parcerias com o mercado são fundamentais, e negócios sustentáveis são uma força importante. Baseados na ideia de integração entre o ambiental, social e econômico, essas iniciativas inovadoras podem tornar a relação com o ambiente mais próxima.
O modelo de negócio sustentável baseia-se na ideia básica de gerar lucros a partir da preservação ambiental ou de uma maior justiça social. No caso de negócios focados na questão ambiental podemos dizer o seguinte: ele é apenas viável economicamente se os serviços ambientais são preservados. Parece um pouco utópico mas não é, centenas de exemplos e estudos de caso podem ser encontrados no último livro de John Elkington junto com Pamela Hartingan – Empreendedores Sociais, ou em portais como Ashoka, Skoll Fundation e dezenas de outros.
Contudo, assim como as ações do estado, os negócios sustentáveis não podem entrar nessa caminhada sozinhos. Muitos precisam de fundos de investimentos iniciais, consultorias especializadas e, principalmente, incentivos governamentais para girar o modelo de negócios nos primeiros anos de funcionamento.
O estado junto com o mercado pode colocar regras e, ao mesmo tempo, criar vínculos entre os serviços ambientais e as pessoas – fazendo com que essa ideia seja transversal na sociedade. Nos levando a entender quanto vale os US$ 18 trilhões fornecidos pela natureza todos os anos.
Rafael Morais Chiaravalloti, biólogo e mestre em Desenvolvimento Sustentável. Autor do livro “Escolhas Sustentáveis: discutindo biodiversidade, uso da terra, água e aquecimento global” e colaborador de revistas da área de Sustentabilidade. e-mail: rafaelmochi@gmail.com