“O plástico é bom para o ambiente”. Com esta frase o engenheiro químico e presidente de três (03) entidades pró-plástico abre a matéria (entrevista) na revista ÉPOCA (02/05/2011, nº676). Pergunto: Dá para uma abelha depor em oposição ao mel que produz? O engenheiro diz que não é contra ás ecobags, mas nunca possuiu uma. Defende a produção de sacolas plásticas basicamente com parcos argumentos (mesmo assim suspeitos). Segundo ele as leis que começam a vigorar nos estados (proibição de distribuição de sacolas plásticas pelas redes de lojas) que restringem a distribuição das famigeradas sacolinhas são baseadas em propagandas equivocadas, desprovidas de argumentos científicos, quer seja dos marqueteiros, quer seja da pobre população que, assim, não teria opção de escolha. Logo, tais recomendações legais seria cercear o direito de escolha do pobre cidadão.
Se não, vejamos: o plástico (natural) já está por aí sendo moldado desde o séc XVII. O artificial, base das tais sacolhinhas, tem sua origem em meados de 1839, quando o americano Charles Goodyear (1800-1860) criou o processo de vulcanização da borracha, transformando o material natural (latex) em um produto mais resistente às mudanças de temperatura. Contudo, “a verdadeira revolução viria em 1907, quando o químico belga, naturalizado americano, Leo Baekeland (1863-1944) criou o primeiro plástico totalmente sintético e comercialmente viável (negrito meu), o Bakelite. Começava a era dos plásticos modernos, feitos à base de petróleo, carvão e gás natural. A chave desse novo processo foi a polimerização, que consiste em juntar, a partir de diversas reações químicas, várias moléculas menores em uma grande, que não se quebra facilmente e dá ao material maior durabilidade. Desde então, centenas de plásticos, ou polímeros, foram criados pelas empresas petroquímicas para as mais diferentes utilidades, como o poliéster (1932), o PVC (1933), o náilon (1938), o poliuretano (1939), o teflon (1941) e o silicone (1943)”. (fonte: http://mundoestranho.abril.com.br/materia/como-foi-inventado-o-plastico). Estes sim são nossos conhecidos mais familiares. Estão na cozinha, no banheiro, inclusive em bustos e glúteos de muita gente por aí. E continuarão por aí por anos, anos e anos…
Mas isto é o de menos, segundo a entrevista, com base no Ibope (!) – e como bem me ensinou Maria Amélia Azevedo a “Como não brincar com estatísticas”… –, o consumidor não escolheu abolir a sacola plástica. E que trata-se de uma jogada política e de “ecomarketing”. E que “é sempre o consumidor quem paga a conta final”. Será que não temos consciência de que o custo de cada sacolinha sempre é repassado para o valor do produto que compramos? Desde quando algo “é de graça” no capitalismo atual?
Outro argumento: “as sacolas fazem falta para embalar o lixo”. E que a ausencia destes “brindes” que ganhamos a cada compra nos supermercados poderia propiciar o retorno de pragas urbanas. Seria como na música dos Titãs: “Bichos!/ Saiam dos lixos/ Baratas!/ Me deixem ver suas patas/ Ratos!/ Entrem nos sapatos / Do cidadão civilizado… / Pulgas!/ Que habitam minhas rugas/ Onçinha pintada/ Zebrinha listrada/ Coelhinho peludo…” ??!
Mas ainda assim tenho a concordar com um de seus argumentos: “O ponto chave é a educação”. E que “o plástico não é um problema em si”, mas os destinos dados a esta descoberta humana. Ainda não temo por mim, pois neste mundo vou passar e os pásticos ficarão. Mas… e meus passarinhos??! Habitarão uma Fake Plastic Tree?
Fake Plastic Trees (Radiohead)
A green plastic watering can
For a fake chinese rubber plant
In the fake plastic earth
That she bought from a rubber man
In a town full of rubber plans
To get rid of itself
It wears her out, it wears her out
It wears her out, it wears her out
She lives with a broken man
A cracked polystyrene man
Who just crumbles and burns
He used to do surgery
For girls in the eighties
But gravity always wins (…)
Falsas árvores de plásticos (Tradução)
Um regador verde de plástico
Para uma falsa planta chinesa de borracha
Na Terra artificial de plástico
Que ela comprou de um homem de borracha
Em uma cidade cheia de planos de borracha
Para se livrar de si mesma
Isto a desgasta, isto a desgasta
Isto a desgasta, isto a desgasta
Ela mora com um homem falido
Um homem de poliestireno rachado
Que apenas se esfarela e queima
Ele costumava fazer cirurgias
Em garotas nos anos oitenta
Mas a gravidade sempre vence (… )
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