“E aquilo que nesse momento se revelará aos povos
Surpreenderá a todos, não por ser exótico
Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto
Quando terá sido o óbvio” (Um Índio, Caetano Veloso)
Na minha profissão ouço de tudo um pouco, muito sobre a mesma coisa e as vezes quase nada do que realmente deveríamos falar. Muitos conceitos, definições pseudo-intelectuais e descobridores de pólvora. A encenação e o drama presentes em cada posicionamento e uma máscara para cada verbo.
Aqui no Pará segue mornamente uma campanha para o plebliscito que poderá dividir o Estado, para dar origem a 02 (dois) novos Estados (Carajás e Tapajós), e ao que parece não ser de interesse nacional, como se fosse uma discussão doméstica. Mas caro leitor, em caso de divisão, não ignore que o fato afetará você onde quer que esteja neste Brasil. Assim como a construção de Belo Monte. O assasinato de líderes indígenas e de movimentos sociais. Grilagem de terras. Exploração ilegal de madeiras nobres. Um código florestal retrógrado. Trabalho escravo no campo. Desvio de verbas públicas… Tenho tentado refletir um pouco sobre isto em meus artigos.
No entanto há aqueles que se irritam e se empatam porque atores “globais” encabeçam um movimento “politicamente correto” em relação ao meio ambiente. Reações de desdém com traços coléricos. Chacotas humorísticas. Bravatas. O que me leva a crer estar superada a geração do “ser e ter”. Basta agora “parecer ter”. A evolução das mídias sociais fomentaram uma cultura que se basta nas aparências e replicação de coisas, ditas de maneira diferente (e gente, reciclagem é outra coisa!). É o mais do mesmo. O status quo hoje pode ser um fake e portanto efêmero, tanto quanto os BBB’s, CQC’s e Rafinhas Bastos da vida, que para continurem a a-parecer necessitam de declarações polêmicas (tanto quanto o famoso “mamilos polêmicos”), inconvenientes e preconceituosas.
Prezo dar voz a todos e repudio qualquer forma de amordaçar o povo. Sem querer entrar no mérito das qualificações e competências artísticas dos “globais”, mas pelo menos estes dignificam-se em encapar a luta pelo bem estar social e do meio ambiente emprestando sua voz a pessoas comuns, indo a público sinalizar a indignação, a inquietação e a inconformidade com o que está aí posto.