Aos meus amigos da imigração

É natural existirem pessoas que a gente goste e pessoas que a gente não goste. O contrário também é verdadeiro e completamente normal; e existem pessoas que gostam da gente e pessoas que não gostam. No entanto, no meu caso particular, dentro do grupo de pessoas que não gostam de mim estão os servidores públicos da imigração – é interessante notar que quase como um corporativismo profissional, eles se agrupam nessa categoria. Por isso, todas as vezes que tentei atravessar alguma barreira “geopolítica” (de um país para outro) fui gentilmente tratado como um banco de praça pública.

No entanto, venho aqui, em nome das perspectivas futuras, dizer a categoria deverá reduzir o tempo despendido a pessoas como eu, porque, em alguns anos, migrações em massa deverão ocorrer. A população de países desenvolvidos como Reino Unido estão envelhecendo rapidamente e, consequentemente, perdendo força de trabalho. Segundo o relatório Population: One Planet, too many people?, na Europa como um todo a população deverá diminuir em cerca de 20%. E em 2050 cerca de 23% terão mais que 65% e apenas 34% terão menos que 30 anos. Isso irá causar (e já está causando) problemas na previdência (poucos pagam impostos e muitos recebem aposentadoria), no sistema de saúde (muita gente usando), estratégias de transporte, comida, energia e consumo de bens. Com poucos jovens trabalhando, migrações de países populosos e mais pobres ocorrerão.

Por isso, senhores doutores da imigração, infelizmente, por uma questão de logística, vocês terão que agilizar o processo de entrada nos países. Mas mesmo assim eu sei que vocês nunca gostarão de mim – mas eu também nunca gostei de vocês.

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Rafael Morais Chiaravalloti, biólogo e mestre em Desenvolvimento Sustentável.

Livro: “Escolhas Sustentáveis: discutindo biodiversidade, uso da terra, água e aquecimento global” com Cláudio Pádua, Editora Urbana, 2011, 169 p.

Site: Café com Sustentabilidade

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