Uma das cenas mais bonitas que eu acho é quando estou dentro do carro e começa a garoar. A chuva fina que cai em cima do vidro vai formando um tapete de milhares de pequenas gotas. Com isso, as imagens do lado de fora vão se transformando. As luzes dos faróis perdem o seu formato, o verde e o vermelho dos sinais de transito misturam-se em uma composição única. O cotidiano perde o sentido da realidade. E são nesses momentos que penso muito sobre a vida. Fico me perguntando se existe algum sentido na nossa existência e na crua verdade sobre a morte.
É fato que todos um dia irão morrer; a vida é, realmente, finita. No entanto, isso não quer dizer que o mundo acaba – no sentido real. Se as pessoas passam, a natureza não. Mesmo que tudo seja desmatado e destruído, quando formos embora ela irá voltar, diferente, mas voltará. Por isso que sustentabilidade é apenas uma questão de qualidade de vida da nossa própria espécie. Como disse o Professor Milton Santos: “recursos naturais: se são recursos não são naturais, são sociais”. Ou na primeira definição de desenvolvimento sustentável feita pela ONU, como, resumindo, aquele que traz qualidade de vida para as gerações futuras. A nossa busca por um desenvolvimento sustentável, é uma questão da preservação da nossa própria existência. Pois o mundo jamais irá acabar. Talvez eu esteja errado, mas isso são apenas algumas reflexões durante os 30 segundos que fiquei parado no farol de trânsito durante uma fina garoa de final de tarde.
Rafael Morais Chiaravalloti – autor do livro Escolhas Sustentáveis.