No começo da década de 1980, alguns políticos do Mato Grosso do Sul começaram um movimento para a instalação de usinas de álcool no alto da Bacia do Paraguai. Como já se sabia na época, tais usinas poderiam causar impactos ambientais sem precedentes na história. A questão é que a área baixa da Bacia do Paraguai é a região inundável do Pantanal. Ou seja, qualquer tipo de agrotóxico (ou no caso das usinas de álcool, vazamento de vinhoto) despejado no alto, desce para o Pantanal. E como essa região é uma enorme área plana, praticamente tudo fica contaminado. Assim, diversos ambientalistas começaram um movimento para interromper esses projetos, entre eles, Francisco Anselmo.
Com uma forte pressão social, em 1985, foi criada uma lei que proibia a instalação de usinas de álcool no alto da Bacia do Paraguai. Uma grande vitória para os ambientalistas. No entanto, 20 anos depois, os políticos tentavam, mais uma vez, liberar a instalação das usinas. Só que dessa vez, com muito mais força, já que os usineiros tinham conquistado maior poder político e econômico no Brasil. No começo do segundo semestre de 2005, o projeto estava para ser aprovado. E novamente os ambientalistas protestavam, junto estava Francisco Anselmo.
Sem nenhum apoio político, o movimento para salvar o Pantanal estava quase perdido. No entanto, já na sua segunda batalha dentro de uma mesma luta, diante da fragilidade do movimento ambientalista perante as grandes oligarquias, Francisco Anselmo resolveu não apenas protestar. Assim como algumas pessoas fizeram na luta pela independência da Índia, ou, mais recentemente, o ambulante Mohamed Boauzizi fez na Tunísia desencadeando as revoluções no Egito e na Líbia, Francisco Anselmo se ateou fogo em um protesto no meio de uma praça em Campo Grande-MS. Morrendo alguns dias depois no hospital. Diante do seu ato, o movimento ganhou força. Atingiu esferas nacionais e internacionais, e finalmente as usinas de álcool foram proibidas no alto da Bacia do Paraguai.
Agora, 2011, Aldo Rebelo tenta mudar todo o código florestal, e mais uma vez liberar as usinas de álcool no Pantanal. É realmente muito deprimente.