Não é de hoje que a Amazônia tem sido o foco das discussões sobre meio ambiente, ecologia e sustentabilidade. Para além do circulo acadêmico a Amazônia, que já povoa o imaginário mundial, hoje retrata-se em livros, documentários e filmes aos montes. A cinemateca amazônida é rica. Feito por quem é “de fora” ou por quem é daqui. Da obstinação sonhadora de “Fitzcarraldo” à alma transamazônica mostrada pela Caravana Roledei em “Bey, Bey Brasil“, ou o tosco “Turistas” (tosco porque faz uso de velhos preconceitos hollywoodianos sobre o Brasil, sobre o povo e sobre a floresta, e nem ia citar a famigerada “Anaconda“), o cinema sobre a Amazônia é um pouco disso e nada disso. Só avalia quem a vê. E só o faz quem a vive.
Esta semana estréia mais um filme que tem por cenário a Amazônia, Tainá 3, a Origem, o terceiro filme da serie que trata a luta de uma indiazinha para proteger os animais da floresta ameaçados pela caça predatória e o tráfico de animais silvestres. Aliá este é a trama fundamental da serie. O que nos chama mais a atenção não é o fato de ser uma criança indígena a preocupar-se com a natureza e com os animais. Como protagonista ela não passa por um rito de passagem, um aprendizado. Ela sabe desde tenra idade a importância da preservação do meio ambiente. Como respirar ao nascer ela defende a natureza. E o recado é reeditado: somos nós adultos, consumistas e tecnocratas que colocamos em risco nosso futuro, as crianças.
Que mundo estamos preparando para nossos filhos?
Aqui em Cametá-PA, município às margens do Tocantins, vemos em pleno carnaval uma manifestação folclórica passada por gerações, o Cordão da Bicharada. Uma comunidade da região se reuni para fazer um carnaval diferente e ecologicamente correto e sustentável. Os brincantes, todos ribeirinhos, descendestes de índios, negros e brancos, confeccionam suas fantasias com material reciclado, que representam de forma quase fidedigna a fauna amazônica. Preguiças (olha nossa mascote do Diário do Verde), tucanos, jabutis e jacarés, borboletas, onças e macacos desfilam pela avenida. Feitos por adultos e crianças para adultos e crianças.
Tainá e o Cordão da Bicharada nos lembram que somos também animais desta fauna ameaçada.