“De onde nem tempo, nem espaço
Que a força mãe dê coragem
Prá gente te dar carinho
Durante toda a viagem
Que realizas do nada
Através do qual carregas
O nome da tua carne…” (Terra, Caetano Veloso)
Em algum momento da vida você já ouviu falar da Lei de Murphy. De repente, não mais que de repente o computador para. Naquele momento mais decisivo, mais preciso e indefectível ele para. Imagine: na hora do penalty na final da Copa falta luz. Na hora em que você precisa avisar que vai chegar atrasado a ligação do telefone celular cai porque a bateria descarregou. E neste dia de atraso em que você está de ônibus, ele para em todas as paradas do itinerário. O elevador enguiça. Antes de salvar seu projeto o computador dá bug. Penso que talvez será esta a sensação que teremos se um dia de fato percebermos que os recursos energéticos do planeta se escarcearão (ou caso acabem na mais mórbidas das hipóteses).
Penso numa gama de filmes apocalípticos e ficcionais (?) na maioria. Avatar, Matrix, O Dia Depois do Amanhã, A Guerra do Fogo, etc. Todos tendo em comum a dramática luta do homem para manter suas matrizes energéticas em detrimento do uso sustentável dos recursos naturais de nosso planeta. Num extremo (dos extremos!) há exploração e obtenção de energia a partir das reações físico-químicas do corpo humano em Matrix. Noutro extremo, em algumas destas produções, o homem já esta além-Terra, em outras galáxias explorando seus recursos (Avatar). Em “o Dia Depois do Amanhã” a busca por mais combustível fóssil (petróleo) sem medir consequências precipitam um desastre ecológico-climático sem precedentes, mergulha parte do planeta em uma nova era do gelo. E finalmente “A Guerra do Fogo”, um clássico. Todo o sacrifício humano para manter a chama acessa entrevendo a importância tamanha que seria então a dependência do homem em relação a produção e o consumo de energia.
Em entrevista a revista Veja, o físico Daniel Zajfman, presidente do Instituto Weizmann, de Israel, de Ciência afirma que, dado os atuais encaminhamentos no que concerne a pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias, levando em consideração também as condições geoclimáticas e socioeconômicas, a produção de novas fontes de energia dentro de algumas décadas se tornará diversificada e regionalizada. Cada localidade produzirá conforme suas potencialidades e capacidade tecnológica para tal. Mas a maior problemática a se questionar no momento é como armazenar esta energia, posto que já não há mais apenas uma fonte de energia mais viável como solução, mas várias.
Parece-me que que a grande maioria das pessoas não vê o que se passa. Vêem e não enxergam. Ouvem, mas não escutam. Passou a Rio+20, Belo Monte está embargada (por enquanto) e Fukushima continua contaminando.
Quando pensei em escrever foi a hora do bug do computador. Nessa hora (alguns minutos) foia hora em que o mundo parou. Alguém percebeu?