“Não devemos ter medo de inventar seja o que for. Tudo o que existe em nós existe também na natureza, pois fazemos parte dela”.
– Pablo Picasso
A mensagem de Pablo Picasso pode ser inspiradora para se criar coisas novas. Mas, quando falamos de coisas novas, não estamos falando apenas de liberdade – especialmente quando consideramos essa frase de Picasso como um todo.
A liberdade é realmente inspiradora e, pensar que podemos agir como bem quisermos é muito motivador. Mas, junto desse incentivo para inventarmos coisas novas e sem o medo, a frase fala também de natureza! E é neste ponto que as coisas tomam uma direção mais inspiradora ainda e extremamente importante para o desenvolvimento sustentável. Sim, estou falando de sustentabilidade! Você já vai entender…
Fazer parte da natureza, como diz a frase, é um fato. Tenho dito aqui que isso é uma realidade. Mas isso possui um significado muito mais profundo do que podemos imaginar e, se quisermos realmente aplicar a frase do pintor, escultor e desenhista espanhol, temos que parar tudo o que estamos fazendo e observar a natureza para aprender com ela. Pronto… Cheguei aonde eu queria: estou falando da Biomimética!
A biomimética, essa área da ciência relativamente nova, é uma ferramenta extremamente interessante e se baseia na natureza. Como o próprio nome sugere, Biomimética é a combinação das palavras gregas Bio, que significa Vida; e Mimesis, que significa Imitação. Assim, a biomimética é a arte de estudar as estruturas biológicas – incluindo seus formatos, cores, e quaisquer outros aspectos – por meio da observação, para se produzir estruturas semelhantes.
Tendo em vista que a natureza está em constante processo de evolução, a biomimética é uma boa alternativa para se desenvolver estruturas mais eficientes e por isso pode ser usada em obras de engenharia.
Apesar de ser nova, essa arte é usada há muito tempo! Temos vários exemplos biomiméticos, ou seja, exemplos de coisas que foram construídas com base na natureza: o mecanismo dos flaps de um avião, por exemplo, que são importantes para manter a melhor performance no ar, imitam o movimento observado em algumas penas das aves quando vão levantar voo ou pousar.
Para esta publicação eu escolhi a imagem de uma colmeia que fotografei no final de 2009 para exemplificar um elemento natural que podemos observar com atenção. A colmeia fotografada foi construída em um abacateiro e pode nos ensinar algumas coisas.
As abelhas constroem seus favos com células, também chamadas de alvéolos, em formato hexagonal e há uma vantagem nisso! O favo é organizado de maneira que a mesma parede de cera faça parte de dois compartimentos vizinhos, o que já é uma economia, já que para produzir cera as abelhas necessitam ingerir muito néctar. Mas o formato hexagonal dos compartimentos permite ainda armazenar a maior quantidade de mel com menor uso de cera para dividir cada compartimento, cada alvéolo. O formato redondo não poderia ser usado, pois deixaria muito espaço entre os alvéolos e mais cera teria que ser usada para preenchê-los. Os únicos formatos que se encaixam perfeitamente são o hexagonal, o quadrado e o triangular, sendo que o hexagonal realmente permite o menor uso de ceras.
Esse exemplo pode servir, então, para a construção de sistemas de armazenamento eficientes – onde deve caber a maior quantidade de volume com um gasto mínimo de elementos que separam esses compartimentos (as paredes).
Você conhece mais exemplos de biomimética? Que tal compartilhar nos comentários?
Fontes para consulta: