“Eu era o que restava de alegria,
Imitando os pássaros,
Curumim de mim mesmo e
De minhas circunstâncias.
Eu,
Meu brinquedo”. (Eu era meu brinquedo, http://www.overmundo.com.br/banco/eu-era-meu-brinquedo)
A riqueza da flora amazônica não está apenas na infinidade de espécies conhecidas e desconhecidas que por aqui habitam. É sabido também que igualmente sua variedade está a imensa variedade de formas de utilização de seus insumos. É incrível como uma única planta ou árvore pode ser aproveitada de sua raiz até a sua folha mais alta. A casca, a madeira, o fruto, a semente, a resina, a seiva, etc… Tudo se aproveita.
A propósito da história, tendo como exemplo uma palmeira, vou falar do Miriti (ou Buriti), que de tão versátil, da culinária ao artesanato, proporciona um desenvolvimento econômico e social na região amazônica. E de tão importante mereceu uma festividade anual no município de Abaetetuba (PA) – O MritiFest.
A palmeira MAURITA FLEXUOSAL é comum em nossas matas, várzeas e beiras dos igarapés, e recebe o nome vulgar de MIRITIZEIRO ou BURITIZEIRO. O termo buriti é a designação comum das plantas dos gêneros Mauritia, Mauritiella,Trithrinax e Astrocaryum, da família das arecáceas (antigas palmáceas). É uma palmeira muito alta, nativa de Trinidad e Tobago e das Regiões Central e Norte da América do Sul, especialmente de Venezuela e Brasil. Em nosso país concentram-se nos estados de Roraima, Rondônia, Pará, Maranhão e Piauí, mas também encontra-se dispersas em toda a Amazônia Legal e alguns Estados do Nordeste e Centro-Oeste. É também conhecida muriti, muritim, muruti, palmeira-dos-brejos, carandá-guaçu e carandaí-guaçu .
Sua versatilidade:
- À margem dos roçados e seringais fornece a palha para cobrir cabanas;
- O fruto – rico em vitamina A, B e C. É fonte de cálcio, ferro e proteínas. Pode ser consumido in natura, pode ser transformado em doces, sucos, picolé, licor, vinho ou como ração de animais;
- Fornece palmito saboroso, fécula, seiva e madeira;
- O óleo extraído do fruto – rico em caroteno e tem valor medicinal (utilizado como vermífugo, cicatrizante e energético natural) e uso cosmético (colorífico, aroma e qualidade a diversos produtos de beleza, como cremes, xampus, filtro solar e sabonetes) ou como amaciante e envernizador de couro;
- As folhas jovens produzem uma fibra muito fina, a “seda” do buriti, usada pelos artesãos na fabricação de peças de capim-dourado. Sua fibra é transformada no artesanato (bolsas, tapetes, toalhas de mesa, brinquedos, bijuterias, redes, cobertura de teto, cordas e etc. O talo das folhas se presta ainda à fabricação de móveis, que se destacam pela leveza e durabilidade.
Sua grande importância na manutenção de olhos d’água naturais, chegando até a conservar locais alagadiços, de água pura e permanente é fundamental. Onde os olhos d’água (nascentes) estão secando, recomenda-se que se plante a Palmeira (o Miriti), bem como outras árvores como Ingá, Sangra-d’água, entre outras, que favorecem sua recuperação. Por isso a grande importância em preservar esta palmeira.
Mas a sua utilização mais cândida, lúdica, pedagógica e ecologicamente assertiva é como “massa” para a confecção de brinquedos. O miriti dando forma a imaginação infantil e recriando o mundo leve e colorido.