“Um menino caminha e caminhando chega no muro
E ali logo em frente a esperar pela gente o futuro está
E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar
Não tem tempo nem piedade nem tem hora de chegar
Sem pedir licença muda nossa vida
Depois convida a rir ou chorar”
(Aquarela, Toquinho)
Parece-me que toda minha vida profissional levou-me a trabalhar com crianças. Um olhar e já iniciamos uma “conversa”. Um sobrinho acha curioso o fato de eu conhecer muitos desenhos animados, videogames de diversas plataformas e ler HQs (Histórias em Quadrinhos). Quando foi reformada a casa de minha família, os pedreiros ainda encontraram muitos brinquedinhos no jardim de casa. Era a minha floresta. Não passamos de fase (de criança para adolescente e depois para adulto). Estas experiencias são cumulativas, logo nunca deixamos de ser aquela criança. A maioria apenas esquece (infelizmente!).
Hoje trago a vocês leitores uma forma do poder da imaginação. Como é incrível! Falo isso porque ao ler um artigo da revista da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa de Estado de São Paulo), ” Duas Vidas da Tampinha” (Edição 220 – Junho de 2014), lembrei-me de uma reportagem do Fantástico de 1983 (!). O repórter João Batista Olivi conversa com uma criança que brinca com ossos: “Esta é a vaquinha, este o bezerro, e aquele é o cavalho. O touro é o Azulão“. Em meio a uma seca desoladora, devastadora, uma criança em sua imaginação protege e salva Seu Mundo.
Esta é uma das funções do brinquedo e do brincar.
A novidade apresentada durante a 14ª Conferência da ANPEI (Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadora) foi um produto, desenvolvido pela Clever Pack, que tem como proposta “que as tampas ganhem uma nova vida”, conforme Cláudio Patrick Vollers, um dos idealizadores do produto.
“A ideia era fazer com que pelo menos parte da embalagem plástica, no caso a tampa, não tivesse como destino o lixo nem a reciclagem. “Dar uma nova utilidade para as tampinhas faz com que elas não sejam descartadas”, explica Henry Suzuki, consultor na área de propriedade intelectual e coinventor das tampinhas. Ele descobriu que existiam mais de 30 projetos semelhantes depositados em bancos de patentes pelo mundo, mas nenhum era compatível com os blocos de montar“. (Revista FAPESP, Ed. 220, Junh0/2014)
Após verificar que as patentes do Lego já haviam expirado, abriram-se as portas para que se criasse a primeira tampinha de garrafa compatível com o brinquedo. Ao todo, registraram-se 07 (sete) patentes no Brasil. Em pouco tempo as tampinhas venceram importantes premiações internacionais. Segundo Vollers, “A indústria brasileira precisa abrir-se mais para o design, que ainda é visto por muitos empresários como algo superficial”, diz Vollers.
Nas mãos de crianças tudo pode virar brinquedos e brincadeiras. Caixas de fósforos, tampas de caneta, peças de relógios, etc. Lavoisier esteve sempre certo: “Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.
E as crianças agradecem.
P.S.: Para quem não assistiu compartilho com vocês o trecho da reportagem a que me referi. Para que possam brincar também com Cleyton.
Menino Brinca Com Ossos no Nordeste (1983) – Youtube.
P.S.(2): Portanto, levem tudo que tenho, menos minha Imaginação.
One Comment
Pingback: Levem Tudo, Menos Minha Imaginação |