Meio Ambiente: para a ciência ecológica, o meio ambiente deve ser entendido como um conjunto de limitações e possibilidades para uma determinada espécie. Sempre heterogêneo, variando de um local para outro, o termo meio ambiente, quando empregado de forma genérica, para o ecólogo não quer dizer absolutamente nada. Em ecologia, não se pode falar em meio ambiente sem referência obrigatória a umambientado. Uma espécie ou uma população (entendida como o ambientado) também representa um conjunto de aptidões e recursos que lhe permitirão resistir ou conquistar determinado ambiente. As transformações do meio ambiente podem ter consequências muito diferentes conforme o ambientado considerado. A evolução das condições ambientais não pode ser objeto de um juízo absoluto. O meio ambiente é sempre um conjunto de possibilidades físicas, químicas e biológicas para cada indivíduo de uma determinada comunidade. Frequentemente, ao usar o termo meio ambiente, a mídia e os ecologistas estão preocupados com uma espécie em particular, oHomo sapiens sapiens. Esse ambientado – uma população entre milhões de outras populações existentes no planeta, para os ecólogos – merece mesmo uma atenção especial, dada sua capacidade de transformação das condições ambientais. Na tentativa de limitar, fiscalizar e regulamentar determinadas atividades humanas, a definição de meio ambiente passou a assumir para alguns dimensões jurídicas e legais. A visão antropocêntrica e etnocêntrica marca essas preocupações sociais, mediada por princípios éticos relativos e relativizáveis de uma cultura a outra, de uma sociedade a outra, distantes das preocupações diretas da ciência ecológica. A Constituição do Brasil é um exemplo típico dessa visão reducionista e antropocêntrica, logo no enunciado de seu capítulo sobre o meio ambiente. O artigo 228 dispõe: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadiaqualidade de vida, impondo-se ao Poder Público o dever de defendê-lo e à coletividade e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.” Grande parte dos maiores crimes contra a natureza foram, têm sido e possivelmente ainda serão perpetrados em nome do povo e de sua qualidade de vida, provavelmente com argumentos cada vez mais sutis e sofisticados, numa linha de ação bem própria a alguns representantes do Homo sapiens sapiens.