Esta semana vou falar um pouco sobre algo que sempre vi em minha vida toda e até a pouco tempo não havia pensado tanto no impacto ambiental que causa. Estou falando de plantações, seja de cana-de-açúcar, milho, soja ou outra cultura qualquer.
Muitas vezes quando estamos “acostumados” a um cenário, esquecemos o nosso olhar crítico, pois para nós aquilo é comum. Por exemplo, um morador de São Paulo olha para o céu cinzento e nem percebe o quanto anormal é aquilo e o que aquela atmosfera de fumaça representa, da mesma maneira que um morador da região Centro-Oeste ou Norte vê imensas plantações de soja e pastos usados para a criação de gado e esquece que lá havia provavelmente uma floresta com vida vegetal e animal, e até mesmo é possível que existisse alguma espécie inédita naquela floresta que foi perdida com o desmatamento.
Pois bem, sou natural de Piracicaba-SP, morei minha infância inteira lá e sempre volto para visitar meus parentes. Em toda a minha vida sempre vi imensas plantações de cana-de-açúcar, inclusive minha família trabalhava no cultivo de cana, e, muitas vezes quando criança, fui com meus tios colocar fogo na cana para que ela fosse cortada depois. Até a minha infância eu não entendia realmente o que a queimada representava e o mal que ela causava, mas não demorei a entender e repudiar este ato.
Mas a queimada da cana não é o único e nem o maior fator que preocupa o meio ambiente. A respeito das plantações de cana-de-açúcar, um grande fato que praticamente ninguém presta atenção e está sempre presente, são as próprias plantações!
Mas não as plantações em si, pois elas são extremamente necessárias, mas sim como elas são feitas, isso que eu não havia visualizado com um olhar crítico ainda.
Quando você vê uma plantação de cana, geralmente você enxerga pés de cana plantados, correto? Pois bem, não é só isso: da mesma forma que em uma plantação de soja havia uma floresta antes, em uma plantação de cana também havia uma floresta lá, e parte desta floresta está lá ainda. De acordo com leis florestais, é obrigatório conservar parte da mata nativa, e esta parte nativa, na grande maioria das vezes continua lá, o problema é que a floresta é fragmentada, o que modifica totalmente a vida que lá reside.
Vou usar a foto abaixo para explicar melhor: Pode-se ver uma porção de mata acima e outra abaixo da foto, antes, tudo era mata e depois foi segmentado, ou seja, as espécies ficaram separadas, destruindo certa parcela da biodiversidade na região. Ainda, com a plantação a sua volta, a área de mata é cada vez mais sufocada e tende a perecer.
Outro ponto muito importante: Por que animais morrem em queimadas? Por que eles estavam no meio do canavial?
Simplesmente porque ele estava atravessando por dentro do canavial de uma região de mata, como vemos abaixo na figura para outra que vemos acima da figura, por exemplo.
Ou seja, as plantações são feitas de maneira incorreta, não se pode fragmentar a pouca mata que restou, assim ela está fadada a acabar. E infelizmente, muitas vezes é isso o que os grandes plantadores querem.
Fica a dica: Olhem com uma visão apurada, analisem e critiquem tudo a sua volta, até mesmo aquelas coisas mais rotineiras.
Na próxima terça-feira falamos mais sobre isso, boa semana.
Vitor Casadei
Bacharelando em Ciência da Computação pela UFSCar
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