“Dono do sim e do não
Diante da visão
Da infinita beleza…
Finda por ferir com a mão
Essa delicadeza
A coisa mais querida
A glória, da vida…” (Luz do Sol, Caetano Veloso)
E fez-se a Luz. Segundo certos conceitos, certos dogmas e certas idéias o mundo e o Universo em si, como os conhecemos, iniciou-se assim. De lá para cá a Luz e seus mistérios promovem revoluções conceituais e tecnológicas. Seguidas insidiosamente por “efeitos colaterais indesejáveis” em boa parte dos casos.
No caso da evolução humana parece que dependemos cada vez mais da geração de luz (e consequente geração de mais energia elétrica). Ultimamente temos tocado no assunto em nossos artigos, sobre geração e uso de energia e recursos naturais, por exemplo: “O dia em que a Terra parou” (meu); “Mais e mais luz do dia” (Luiz Felipe da Cunha Chacon); “The Black Pixel Project” e “Google Black e Economia” (Vitor Casadei).
Lembrei-me de uma pequeno artigo da revista Viva Saúde a respeito dos efeitos da poluição luminosa. Assim como a poluição sonora a luminosidade excessiva das grandes cidades também está gerando impactos diretos em nossa saúde e no meio ambiente. Segundo estudos a luz excessiva está relacionada a alguns tipos de câncer e problemas de visão, cefaleias e estresse. Interfere em ciclos migratórios, alimentares e reprodutivos de uma infinidade de especies animais. Assim como interferem na floração, e produção de frutos de diversas espécies vegetais. Outras linhas de pesquisa descrevem que a iluminação pública de centros urbanos está desequilibrando a vida de insetos e seus predadores (algumas espécies de aves, répteis e mamíferos em especial). Exemplo clássico é a desorientação que as luzes de vias próximas as áreas de desova de certas espécies de quelônios provoca nos recém nascidos ampliando as taxas de mortalidade destes.
E conforme especialistas do Laboratório Nacional de Astrofísica além do desperdício a iluminação inadequada pode atrapalhar a observação do espaço. Todo mundo já percebeu que quanto mais longe da cidade mais estrelas surgem no céu. Estes mesmos especialistas dizem que “a escolha de luminárias e lâmpadas para a iluminação externa e seu correto posicionamento são suficientes para conter e até reverter os efeitos da poluição luminosa“.
Como diria nosso amigo Rafael Morais Chiaravalloti: “A solução de um problema ambiental causado pelo “desenvolvimento” é sempre mais “desenvolvimento”.