Olhe vá em frente
Não se esqueça
Liberdade dentro da cabeça
E a cabeça fora do que há
De mal prá você… (O Carcará e a Rosa – Natiruts)
Antes de mais alguma coisa quero afirmar: esta é uma opinião pessoal, particular de um cidadão paraense – Eu.
Penso que nos últimos tempos ando meio indignado como uma série de coisas. Há algo de podre no reino de Santa Maria do Grão Pará. E não é de hoje. As discussões a cerca da divisão Pará, gerando dois novos Estados (Tapajós e Carajás), passam a ter a partir deste semestre seus representantes legalmente constituídos (rostos e nomes). Comissões “pró” e “contra”, marketeiros de plantão, políticos, empresários, pecuaristas se articulam como nas campanhas eleitorais para convencer a população do que é melhor para o Estado (ou para quem vive por estas bandas) de um lado. Ou do que poderá sobrar do processo de separação.
De onde eu vejo e como vejo, mais me parece aquele velho processo de sesmarias, das capitanias hereditárias e demais projetos de colonização de nosso continente. A preocupação que me ocorre (e é um dos meus argumentos contra a divisão) refere-se as Unidades de Conservação (UCs) já estabelecidas (embora não funcionem devidamente como o ideal).
Em artigo do Estadão, Karina Ninni e seus entrevistados visualizam riscos para as UCs:
“Posso dizer que a divisão deverá ser muito impactante do ponto de vista ambiental”, diz o diretor do Museu Paraense Emílio Goeldi, Nilson Gabas. Ele enxerga um grande problema: a quebra das unidades de conservação (UCs) estaduais.
“O que se desenha é o seguinte: um Estado recém-criado que precisa se desenvolver e imensas áreas preservadas por UCs em nível estadual – só que protegidas por um Estado que já não existe. E como vai se desenvolver o novo Estado? É provável que pela derrubada de mata e plantio de soja ou criação de gado”, raciocina o diretor do museu. “Acredito que assistiremos a tentativas de revogação de UCs estaduais no Tapajós.”
Segundo Gabas, na partilha o Pará deve concentrar o setor de serviços, a criação de gado e, talvez, o plantio de dendê para extração de óleo de palma. Já Carajás ficaria com a mineração e a criação de gado e Tapajós com o setor energético – o que inclui a Usina de Belo Monte e o complexo hidrelétrico Tapajós –, além da mineração, das florestas e do plantio de grãos.
Ainda conforme o artigo os novos Estados teriam de criar políticas próprias contra o desmatamento, especialmente se houver mudanças nas UCs. O desmatamento no possível território do Tapajós “dá uma boa amostra do imbróglio que se avizinha. Embora a área afetada na região até 2009 tenha sido menor que nos dois vizinhos, entre 2008 e 2009 Tapajós registrou o maior aumento da taxa de desmatamento entre os três. Ao todo foram cortados 53,9 quilômetros quadrados, segundo o Idesp”.
Teoricamente o Pará ficaria como no infográfico:
Estudem, pesquisem, busquem informações. A discussão está rolando há pelo menos 20 anos. Acho estranho que o alto do muro seja um lugar confortável para quem não é gato, e nos respondem ao serem questionados sobre este processo com um melancólico e titubeante: “ainda não tenho uma opinião formada”. Não é pecado se sua opinião não condiz com as dos demais. A isto chamamos de liberdade de expressão, a base da democracia. Que venha o plebiscito.
E como diria Dada Maravilha: “Não me venham com problemáticas, o que quero é saber é das solucionáticas!”
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