Quase 100% de toda a água disponível no mundo é salgada. Uma parcela mínima, correspondente a apenas 2,5%, é água doce (para você que adora estatísticas, acesse este outro artigo). Não é nenhuma novidade o alerta que diz que, dentro em breve, a água virá a faltar. Em geral, os especialistas estimam que dentro de 50 anos, grande parte da população mundial virá a sofrer com uma grave falta do líquido. Outros, são ainda mais pragmáticos: não dão mais que 20 ou 30 anos. A água que nós temos hoje é a mesma que esteve presente na Terra por milhões e milhões de anos, no que refere-se a quantidade (estável). O número de pessoas cresce em um ritmo desproporcional, a pressão sob o bem tão escasso está intolerável. O tratamento de água é caro, não é fácil e requer um árduo trabalho. Direto ao ponto: a água limpa está em falta.
Pensando nisso, eis que surgiu a ideia de separar o sal da água do mar. Um método dispendioso e aparentemente brilhante de solucionar a problemática da água. Não passa de ilusão. Para se obter 1 litro de água através da dessalinização, é necessário o gasto de 2 a 5 litros, em média, de água doce! A matemática é simples: para se produzir água, é necessário o gasto de energia. Um dos líquidos de maior potencial calorífico, consequentemente energético que se conhece, é a água. Ou seja: um meio excelente para a geração de energia. Só que a água salgada não serve para este processo de fabricação, tem de ser a água doce. Ou seja, para se produzir água boa para se beber, já tem de se ter água nestas condições. Além disso, tem um outro ponto a se pensar: e o que fazer com o sal, resultado final deste processo? Não vai ter lugar para acomodá-lo! Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o consumo ideal de sal, por pessoa/dia, é equivalente a 5g. O sal em excesso é responsável por várias doenças, dentre elas uma das principais causas de morte: a hipertensão, a popular pressão alta. Nem se nos entupíssemos de comer sal, comendo vá lá 20g por dia, 4x mais do que o recomendado, conseguiríamos nos livrar dele (é claro que fazer isto seria uma loucura). O custo-benefício, como pode se perceber, é negativo. É inviável – para não dizer surreal – transformar a água doce em água salgada!
Eis que surge a questão: mas e a energia solar, por exemplo, não serve? Também não. Ninguém conseguiu chegar a alternativas e soluções viáveis para a problemática da água. O que é certo é que, se o painel atual não melhorar, estamos destinados a um amanhã nada agradável, no estilo da Carta de 2070. Quando se fala em economizar água, trata-se de um assunto muito sério. Quando se fala em proteger os aquíferos, reservas hídricas, não é brincadeira. Nos próximos anos, a água doce (ou potável, como preferir) valerá muito mais que o petróleo e outros minerais ditos hoje “preciosos”. A questão da água é emblemática, profunda. É um assunto que merece destaque e atenção. Desafiamos o curso natural das coisas, uma hora, o retorno vem. Assim como muitas outras maravilhas do nosso planeta, a água é o que é, finita. Não há outra saída a não ser preservar. Sem ela, não haverá vida.
PS: Este artigo, polêmico por saltar os olhos uma necessidade que custamos a enxergar, de um aspecto totalmente diferente (agradecimento especial ao meu professor Paulo, de Química, referência para a criação deste conteúdo), abre as comemorações da Semana do Meio Ambiente e da Ecologia, no Diário do Verde, que será realizada entre os dias 01 e 05 de Junho.