“Diante do mistério que há
Nessa nossa vida humana
Vais crescer mais que o rio-mar
Vais voar mais que as semanas
Vais sorrir pro revelado
Fruto da emoção na boca
De que tudo é amarrado
E mundo é um, é oca“
(Círios, Vital Lima)
O artigo de hoje saiu com atraso (pois deveria ser publicado ontem, Sábado) um pouco em decorrência do Círio de Nazaré. Do qual procuro anualmente participar da melhor forma possível. É um período em que o Pará se converge para o momento. O ritmo de vida do amazônida é regido por ciclos: a maré, as luas, o plantio e a colheita, a pesca. Tudo se renova, principalmente a Fé. É como dizia meu tio-avô Peroba (Raimundo Deodato de Queiroz): “Tudo, absolutamente Tudo se resume a uma palavra: Fé“.
Já havia escrito sobre o Círio de Nazaré em um artigo (“Rogai por nós catadores!“). E como amazônida recorro ao tema novamente, como também recorro ao filme “A corrente do bem” (que utilizo como referência para uma infinidade de reflexões) e pensar/questionar. No filme o garotinho Trevor McKinney (Haley Joel Osment) diante de um trabalho da classe de Estudos Sociais, proposto pelo professor Eugene Simonet (Kevin Spacey), criar um projeto que pudesse mudar o mundo. Então Trevor cria uma espécie decorrente do bem (“pay it forward“), no qual cada pessoa deveria fazer algo de bom para mais 03 (três) pessoas, e convence-las (conscientiza-las) a também fazer algo de bom para mais 03 (três ) pessoas e assim sucessivamente numa crescente exponencial. As desventuras da vida não permitem que Trevor vivencie os resultados de seu projeto que atinge proporções nacionais. Um país inteiro se mobiliza em decorrência de sua proposta para mudar o mundo para melhor.
Como o Círio que reúne anualmente milhões de pessoas em torno da fraternidade e do amor ao próximo o faz também e ainda não conseguimos (penso eu) conscientizar os outros (já conseguimos com alguns) de que preservar o meio em que vivemos ainda é a nossa melhor chance de um futuro mais saudável?
Talvez as desventuras de nossas vidas não nos permitam vivenciá-las em sua plenitude, rogo para que filhos e netos a experimentem, mas há que se garanta esta possibilidade agora, conscientizando seu irmão, seu amigo, o vizinho, aquele que passa na rua.