“Não pise na grama”, dizia a placa com todas as letras. Felizmente todos respeitaram pelo menos naquele momento: enquanto estive ali, não vi ninguém descumprindo a regra. Bom para o próprio gramado e para o ambiente envolvido.
Eu, particularmente, também costumo respeitar essas e outras normas urbanas. Mas, desta vez, não pude deixar de me aproximar da própria placa que proibia qualquer aproximação pelo gramado.
Foi coisa rápida e surpreendente: encontrei uma coruja-buraqueira (Athene cunicularia) próxima a um buraco no chão, sobre a grama! Bem, pelo menos eu não me senti sozinho naqueles instantes em que desrespeitei a regra. Fiquei bem acompanhado.
Como o próprio nome diz, a coruja-buraqueira vive em buracos presentes no chão e, diferente de outras espécies, essa coruja tem hábito diurno, ou seja, fica acordada durante o dia.
Os buracos podem servir como ninhos e também como dormitórios à noite. Durante o dia, as corujas ficam normamente para fora do buraco, podendo estar protegendo os filhotes, se for o caso.
Não percebi a presença de filhotes e nem de outra coruja adulta, formando o casal. Mas o cuidado que a coruja teve com o buraco foi relevante. Ficou claro que ela me mandou embora várias vezes com seu grito e até mesmo antes disso, conforme eu me aproximava. Abrir levemente as asas para parecer maior e olhar fixamente para mim com seus grandes olhos, foi realmente assustador. Mas, como insisti em me aproximar ainda mais, chegou uma hora em que ela cedeu e preferiu se esconder na toca.
Desde o início ela foi corretíssima: protegeu a própria casa!
Acompanhem, logo abaixo, o vídeo caseiro feito com uma câmera comum em Julho de 2010, que mostra essa aventura.
Percebemos, então, o quanto pode ser importante proteger uma área por meio de uma simples regra. Impedir as pessoas de pisar na grama de uma praça em meio à própria cidade pode contribuir para que animais como esse possam viver tranquilamente, compartilhando o espaço urbano.
Vamos proteger as cidades e todas as suas áreas verdes considerando-as nossas casas, assim como fez a coruja com seu buraco.