“Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!” (Poeminha do contra, Mário Quintana)
Hoje me peguei folheando novamente um livro que ganhei de minha irmão Cristiane Menezes: “Aves do Parque Nacional do Cabo Orange“. Meio sem motivação numa semana meio enfermo (na casa de meus pais é claro). Sempre fui fascinado pelas estantes repletas de livros e rochas (aprendemos desde cedo a saber que uma rocha nunca deve ser chamada de pedra). Adorava folhear aqueles livros e olhar as figuras, os gráficos e mapas. Sem entender muita coisa naquele momento. Havia muitos de literatura clássica, a coleção completa de Jorge Amado, literatura estrangeira, sociológicos e antropológicos.
Então, folheando o presente de minha irmã me peguei novamente naquele momento de questionamento, de tentar compreender, ou melhor, visualizar, imaginar todo aquele parque, aquela região mais ao norte do Brasil que se encontra com o mar, representado naquele mapa cheio de cores, linhas e marcações. No livro constam 84 espécies selecionadas com a descrição desde seu nome científico, características, habitat, incluindo até hábitos e comportamentos.
O PNCO (Parque Nacional do Cabo Orange), no Amapá (AP), foi criado em 1980, com a finalidade de preservar uma área de 619 mil hectares de importantes e frágeis ecossistema costeiros do norte do país. O Parque é ao mesmo tempo parte continental e parte marinho, pois se estende por uma faixa litorânea de 200 km de extensão latitudinal, além de uma área que se expande de 10 km pela zona marinha. E caracteriza-se essencialmente por abrigar uma rica e abundante avifauna aquática.
Do Cabo Orange, primeiro acidente geográfico da costa Brasileira e ponto mais extremo ao Norte até as praias da foz do Rio Cunani habitam em torno de 358 espécies de aves diferentes, distribuídas em 69 famílias, sendo pelo menos 33 espécies endêmicas à região. Algumas são consideradas ameaçadas de extinção, quer seja pela destruição de seus habitats ou pela ação de traficantes de animais (nós Homens como sempre o terrível predador no topo da cadeia ‘alimentar’).
Talvez pelo tom depressivo da enfermidade me veio a leve impressão de que se não preservarmos a Natureza nem a nós estaremos preservando. Mas a Terra ainda estará por aqui a despeito do que fazemos se ainda não aprendemos a lição: a era do gelo passou, os dinossauros passaram, os mamutes passaram também. O Homem passará(?). Sei que a Terra passarinho.