“O dinheiro não traz felicidade — para quem não sabe o que fazer com ele” (Machado de Assis)
Hoje estava assistindo a segunda temporada do seriado “Games Of Thrones“ (série da HBO). Quatro episódios consecutivos. E deveria estar escrevendo o artigo de hoje. Em dado momento um dos conselheiros dos Lannisters profere a seguinte frase para Tyrion Lannister: “O poder é uma coisa curiosa“. E em seguida sentencia: “O poder reside onde os homens acreditam que ele exista“.
Estou fazendo esta digressão para chegar em uma matéria que li na revista ISTO É (Ano 36, nº2236), que trata da reciclagem de dinheiro, do nosso dinheiro, o Real. É incrível como não nos damos conta do quanto em dinheiro passa em nossas mãos e bolsos. E o quanto se perde entre uma e outra. Quando foi a última vez que você viu uma moeda de 1 (um) centavo? Ou uma nota de 1 (um) real? Ou aquela nota de plástico? Lembram?
Estão neste momento em circulação aproximadamente 4,8 bilhões de cédulas de real pelo país. Sendo que 40% destas em um ano ficam inutilizadas e voltam para o Banco Central (quando voltam!). Anualmente há um acumulo de 2 mil toneladas de papel-dinheiro que normalmente são triturados. O que não ocorria há 13 anos atrás. O material era incinerado. Hoje, a maior parte vai parar no “bom e velho” aterro sanitário. No entanto o surgimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que determina a desativação destes lixões até 2014, cria o desafio da destinação deste rejeito de forma mais ambientalmente correta.
Neste entremeio a professora da UNB (Universidade de Brasília), Thérèse Hofmann, em conjunto com José Carlos Andreoli e Sebastião Roberto de Andrade, desenvolveram uma técnica para retirar das cédulas a resina que prolonga a vida útil das notas, e fazê-las voltar a condição de celulose de algodão, e poder assim recicla-las (o processo foi patenteado pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial – Inpi).
Em São Paulo há projetos de reciclagem de cunho social para jovens, que produzem blocos de notas, cadernos e objetos decorativos. Mas conforme seus coordenadores trata-se de pano de fundo para estimular o trabalho em equipe, a superação e cumprimento de metas, bem como a geração de emprego e renda, promovendo assim o protagonismo juvenil e a inclusão social destes jovens.
Aqui no Pará a UFRA (Universidade Federal Rural da Amazônia) desenvolve projeto que utiliza as notas trituradas como elemento integrante de adubo orgânico (as cédulas correspondem à 10% de uma mistura com outros resíduos orgânicos). O composto se mostrou muito eficiente em culturas como a de feijão. Em parceria com o Governo do Estado este composto será distribuído para a população no Estado (micro-produtores da agricultura familiar e de subsistência).
Então volto aos demais episódios de Games Of Thrones e o conselheiro dos Lannisters: O valor das coisas está onde somos capazes de colocá-lo. Sobre a mesa ou sob a terra. Em se plantando idéias, tudo dá.