A lontra, animal pouco conhecido no nordeste brasileiro, foi registrada nos estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Piauí, incluindo áreas de Caatinga. Embora estudos recentes já tenham relatado a ocorrência da espécie em algumas localidades do Nordeste, a lontra ainda é muito pouco estudada na região, o que interfere nas estratégias voltadas a sua conservação. Atualmente a espécie não possui classificação quanto ao seu risco de extinção, sendo enquadrada na categoria Dados Deficientes, que é dada a espécies pouco conhecidas, das quais não se possui dados suficientes sobre o tamanho da população e áreas de ocorrência.
Os novos registros da espécie tornaram-se possíveis graças ao projeto de doutorado realizado pela pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Patrícia Rosas Ribeiro, que conta com os apoios do Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (CEPAN), da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, do Mohamed Bin Zayed Species Conservation Fund e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
A lontra é um predador de topo, que se alimenta pincipalmente de peixes, mas também pode comer crustáceos e moluscos. A sua extinção pode ocasionar um desequilíbrio entre as espécies e o ambiente ligados a ela. Sendo um mamífero semiaquático, ou seja, que depende tanto dos rios, onde consegue seu alimento, quanto do ambiente terrestre, onde constrói as suas tocas, dorme, descansa e cuida dos filhotes, a sua existência é vulnerável aos impactos negativos tanto na qualidade da água, como nas margens dos rios e, consequentemente, as ações de conservação voltadas a esta espécie refletem na conservação dos rios e matas ciliares.
A espécie possui comportamento solitário e discreto, sendo difícil de visualizar em ambiente natural. Por essa razão a sua ocorrência é confirmada principalmente por meio da identificação de vestígios, como pegadas, tocas e fezes, e entrevistas com pessoas das localidades estudadas. O projeto em questão iniciou a sua fase de campo no segundo semestre de 2013 e seguirá até julho de 2015. As buscas à lontra estão sendo realizadas nos cursos baixo, médio e alto de 15 bacias hidrográficas ao Norte do Rio São Francisco, entre os estados do Piauí e Alagoas.
Segundo Patrícia Rosas Ribeiro, os dados obtidos com a pesquisa servirão à gestores públicos e órgãos de meio ambiente. “As informações geradas serão essenciais para o planejamento de futuras estratégias de conservação. Até o momento os resultados preliminares da pesquisa foram apresentados durante o XII Congresso Internacional de Especialistas em Lontras, no final do ano de 2014, no qual foi realizada uma primeira atualização do mapa de distribuição da espécie, incluindo algumas áreas do nordeste”, explica.
A pesquisa não se limita apenas a identificar as áreas de ocorrência de lontra na região nordeste do Brasil, mas também procura entender como ela está distribuída, até onde vai a sua distribuição, quais as características das bacias hidrográficas onde elas ocorrem, quais os rios onde a lontra existia mas atualmente está extinta e quais as suas principais ameaças na região, aumentando o conhecimento ecológico sobre a lontra em dois biomas altamente impactados (Caatinga e Mata Atlântica).
Mais informações sobre a pesquisa podem ser adquiridas com os seguintes contatos: Adriana Amâncio – (81) 9805-5441 e Patrícia Farias (84) 9843-9303.
*Agradecimento especial: Adriana Amâncio, pelo envio do release ao Diário do Verde.