Hoje vou quebrar um pouco a linha de Tecnologia Verde e vou falar sobre um assunto que muito me intriga e que é extremamente importante, pois está relacionado com a destruição de milhares de metros quadrados da Mata Atlântica.
Estou falando do projeto Porto Sul, no litoral de Ilhéus, sul da Bahia.
Para quem não sabe, existe um projeto que propõe a construção de um Porto em Ilhéus para melhorar o escoamento de grãos e outros produtos que são produzidos na região. Conforme a figura abaixo pode-se ver a região onde o Porto pode ser implantado (a parte de mata).
Pois bem, no projeto, o Porto se estenderá por 3,5 Km, fora de terra, ficando praticamente em alto mar. O objetivo é aproveitar uma obra do PAC, a Ferrovia Oeste/Leste. Estima-se que, com a construção do Porto Sul, haverá um aumento exponencial da produção naquela região da Bahia e, portanto, boa parte do Nordeste de nosso país seria beneficiado.
Entretanto, existem muitos problemas a serem levantados. Dentre eles, temos a desocupação de mais de 70 famílias que vivem no litoral, que ficariam sem moradia; e o desmatamento de 2.200 hectares de Mata Atlântica nativa, o que significam 22.000.000 m² (22Km²) de mata desmatada, o equivalente a 22 campos de futebol (do tamanho oficial da FIFA).
A cada hectare destes 22Km², existem 450 espécies nativas de árvores, que seriam derrubadas, algumas podendo ser até mesmo inéditas.
Na discussão sobre a aprovação ou não do projeto pelo IBAMA, existem estudantes, ambientalistas e parte dos moradores da região contra e governo, produtores e comerciantes a favor da implantação.
No último dia 29, ocorreu uma Audiência com o IBAMA para que pudessem avaliar se é válida ou não a obra. A decisão do órgão de Regularização e Proteção Ambiental deve sair em 30 dias e até lá ficamos esperando para saber como tudo irá se desenrolar.
Mas quero deixar uma pergunta para você, leitor do Diário do Verde: “Vale a pena desmatar uma extensa região de Mata Atlântica, destruindo toda a biodiversidade de uma região, que depois seria praticamente impossível de ser recuperada, para gerar alguns milhões de reais em desenvolvimento (que na verdade irá para os governantes e latifundiários), sabendo que esta é uma das poucas áreas desta dimensão de mata que ainda existem em nosso país fora as zonas do Amazonas?”
Pois bem, para mim a resposta é não, e espero sinceramente que o IBAMA chegue a mesma conclusão.
Vitor Casadei
Bacharelando em Ciência da Computação pela UFSCar
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