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Para o mundo ser melhor, depende de nós. A natureza que o diga. Humana e ambiental.
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Autor: Ana Rosa Brito Cerqueira (minha mãe)
Que Frio!
Que chega a fazer doer meus ossos: e olha que eu estou com agasalho!
Olha lá! Aquele menino na calçada atirado sem agasalho: sem lar, sem amor…
E olho mais ainda e não só aquele menino, mas outro, e outros e outros …
Sinto-me até angustiada; antes tinha frio, agora sinto um calor tão grande que chega a me sufocar; sinto-me mal agasalhada.
Tiro meu agasalho, mas pra quem darei?
Que chega a fazer doer meus ossos: e olha que eu estou com agasalho!
Olha lá! Aquele menino na calçada atirado sem agasalho: sem lar, sem amor…
E olho mais ainda e não só aquele menino, mas outro, e outros e outros …
Sinto-me até angustiada; antes tinha frio, agora sinto um calor tão grande que chega a me sufocar; sinto-me mal agasalhada.
Tiro meu agasalho, mas pra quem darei?
Se der para um menino, o outro continuará com frio, e o problema continuará o mesmo.
Que triste vida essas pessoas têm: parecem que são “lixos”, atiradas num canto escuro da Cidade; alguns passam e as olham atemorizados; outros olham e se compadecem sem nada poder fazer; outros nem olham e assim cada qual segue a sua direção sempre apressados; sempre sem tempo para ser “humanos”.
Será que o tempo envolveu as pessoas de tal maneira que elas fiquem presas pelo tempo?
Será que não existe um minutinho sequer para parar…
Hoje a cidade está gelando!
Mas que mesquinha e egoísta que nós somos, se eu estou com muitas cobertas em cima do meu corpo e estou tranquila e protegida sobre o teto do meu lar, quem sou eu para ter frio enquanto lá fora pessoas morrem, congeladas sobre uma mísera calçada; debaixo de um viaduto, nas bocas do lixo.
Qual a solução para essas pessoas?
As recolherem no inverno e depois deixá-las novamente no mesmo ponto de partida?
A solução está num único ponto: “A humanidade”, “Mais uma chance”, “Novas Esperanças”, “A iniciativa”, “Um pouco mais de amor; um pouco mais de calor”.
Num Mundo tão frio…
11-06-1976.
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