IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas realiza Evento Antas Pintoras 2011
Telas pintadas por antas de zoológicos norte-americanos serão leiloadas durante exposição no dia 15 de junho. Os recursos serão revertidos para as pesquisas da Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira, do Instituto de Pesquisas Ecológicas*
O IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas – realiza no dia 15 de Junho, às 20h, no Espaço Dom Pedro, Zoológico de São Paulo, uma exposição e leilão de telas pintadas por antas de cativeiro em zoológicos norte-americanos. O evento é organizado em parceria com a Fundação Zoológico de São Paulo, IUCN/SSC Tapir Specialist Group (Grupo Especialista de Antas) e Zoológico de Houston.
O Evento Antas Pintoras 2011 contará com 29 pinturas doadas por seis diferentes zoológicos dos Estados Unidos, onde vivem as “artistas” (zoológicos Brevard, Brookfield, Houston, John Ball, San Diego e Woodland Park). Os recursos arrecadados come o leilão das obras serão revertidos para as atividades de pesquisa e conservação da Anta Brasileira realizadas pelo IPÊ na Mata Atlântica (SP) e Pantanal (MS).
Esta é uma maneira diferente de chamar atenção para a causa da conservação da Anta Brasileira, divulgando informações sobre a espécie, seu estado de conservação e problemáticas conservacionistas, bem como a urgência de sua proteção nos diferentes biomas brasileiros onde ela vive.
As telas foram pintadas pelas antas com auxílio de tratadores utilizando tintas orgânicas comestíveis que não prejudicam os animais. O resultado são quadros abstratos bastante coloridos e únicos!
“A ideia não é que as pessoas comprem simplesmente uma obra de arte, mas uma pintura feita por uma anta! Essas pessoas terão em mãos obras bastante diferentes de tudo o que existe e ainda estarão contribuindo para a sobrevivência da espécie na natureza”, afirma a pesquisadora do IPÊ Patrícia Medici, coordenadora da Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira, presidente do Grupo Especialista de Antas da IUCN – International Union for Conservation of Nature (União Internacional para a Conservação da Natureza) e idealizadora do evento.
“Esta é a primeira vez que um evento como esse é realizado com antas. Eventos similares já foram realizados no passado com orangotangos e elefantes. É uma maneira criativa de fazer com que os animais em cativeiro contribuam para a sobrevivência e conservação de animais na natureza – Antas Ajudando Antas”, complementa Patrícia.
Na exposição, além de conhecerem obras das antas, os visitantes terão oportunidade de saber por meio de vídeos como elas foram feitas, e obterem informações específicas sobre cada “artista” através de biografias e fotos. Ao lado de cada obra estará disponível um formulário para que os convidados possam dar seus lances no leilão silencioso, a partir de R$200,00.
Fotos e outras artes sobre as antas
O evento conta também com a participação de quatro fotógrafos de natureza e uma jornalista ambiental, todos brasileiros, que estão doando ampliações de fotografias da anta brasileira e seu habitat para o leilão. São eles: Adriano Gambarini (www.gambarini.com.br), Daniel De Granville (www.photoinnatura.com), Liana John (Editora Camirim), Luciano Candisani (www.lucianocandisani.com), e Luiz Cláudio Marigo (www.lcmarigo.com.br).
Adicionalmente, haverá a participação de diversos artistas que estão neste momento preparando obras de arte (pinturas, esculturas, cartoons, poemas etc.) para serem leiloados juntamente com as pinturas de antas e fotografias. Artistas já confirmados incluem Ângela Leite (www.angelaleite.com.br), Carla Caffe, Elise Smorczewski (EUA, www.strangeandendangered.com), Guto Lacaz (www.gutolacaz.com.br), Guto Naveira (gutonaveira.blogspot.com), Luccas Longo e Ronald Rosa (www.brazilbonito.org.br).
Um stand da Grife IPÊ com produtos fabricados por comunidades vizinhas à Mata Atlântica e inspirados nas antas, também farão parte do evento.
“Animais Artistas”
A ideia de “animais artistas” como embaixadores para a conservação na natureza nasceu em zoológicos norte-americanos como parte de programas de enriquecimento ambiental. As espécies inicialmente utilizadas em tais programas foram primatas, sobretudo orangotangos, e também elefantes.
O Zoológico de Houston, no Texas, um dos apoiadores do Evento Antas Pintoras, vem trabalhando com orangotangos artistas desde 2005. O zoológico organiza a coleta anual de obras de arte destes animais em cativeiro em zoológicos americanos e realiza leilões para levantar fundos para iniciativas de pesquisa e conservação deste primata na natureza por meio do programa Pongos Helping Pongos. Esse conceito de captação de recursos vem se mostrando um modelo de sucesso, podendo ser replicado para outras espécies.
Foi justamente o sucesso da ideia dos Estados Unidos que impulsionou a criação de iniciativa similar no Brasil. Alguns anos atrás, a pesquisadora Patrícia Medici demonstrou interesse em organizar o evento com a Anta Brasileira e o Zoológico de Houston aceitou ajudá-la nesta empreitada. Outros zoológicos americanos dispostos a colaborar foram identificados.
Parceiros do evento
Fundação Parque Zoológico de São Paulo, Brasil
Houston Zoo Inc., Estados Unidos
IUCN/SSC Tapir Specialist Group (TSG), Internacional
Zoológicos norte-americanos doadores das telas
Brevard Zoo; Brookfield Zoo; Houston Zoo; John Ball Zoo Society; San Diego Zoo; eWoodland Park Zoo.
Serviço
Data: 15 de Junho de 2011, Quarta-Feira
Horário: 20h00
Local: Espaço Dom Pedro, Zoológico de São Paulo
Avenida Miguel Stéfano, 4241 – Água Funda – São Paulo
Evento aberto ao público
Sobre o IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas
www.ipe.org.br
O IPÊ é considerado uma das maiores ONGs ambientais do Brasil, possui título de OSCIP e tem sede em Nazaré Paulista (SP). O Instituto começou sua ações com o Projeto Mico-Leão-Preto, no Pontal do Paranapanema e conta hoje com uma equipe de mais de 80 profissionais trabalhando em cerca de 40 projetos espalhados pelo Brasil – Estação Ecológica de Anavilhanas (AM), uma área particular em Portel (Pará), Pontal do Paranapanema, Buri e Nazaré Paulista (SP), Parque Nacional do Superagüi/Ariri (SP-PR) e Pantanal (MS).
Nos locais onde atua, a organização tem adotado o modelo IPÊ de Conservação, desenvolvido com base nas experiências obtidas com os anos de trabalho. É um modelo de ação integrado que inclui pesquisa de espécies ameaçadas, educação ambiental, restauração de habitats, envolvimento comunitário e desenvolvimento sustentável, conservação da paisagem e envolvimento em políticas públicas. Um dos objetivos do IPÊ é conservar a biodiversidade respeitando as tradições das comunidades do entorno dos locais que precisam ser protegidos e onde são realizadas as pesquisas do IPÊ. As alternativas sustentáveis para geração de renda surgem para criar novas fontes de sustento para as famílias destas regiões, o que auxilia na diminuição da pressão humana sobre a biodiversidade local.
Uma das preocupações do IPÊ desde a sua criação é a transferência do conhecimento adquirido em suas pesquisas. Como parte desse processo, hoje a instituição já conta com quase 10 doutores e 20 mestres, muitos deles professores do Centro de Biologia da Conservação (CBBC) e da ESCAS – Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade – universidade criada em parceria com a Natura e Instituto Arapyaú (www.escas.org.br).
Sobre a Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira
www.tapirconservation.org.br
A Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira do IPÊ, coordenada pela pesquisadora Patrícia Medici, é um esforço conservacionista em nível nacional que visa estabelecer programas de pesquisa e conservação da anta nos principais biomas brasileiros onde ela ocorre. A Iniciativa teve seu início através do Programa Anta Mata Atlântica conduzido no Parque Estadual Morro do Diabo na região do Pontal do Paranapanema, oeste do Estado de São Paulo, entre 1996 e 2008. Em 2008 houve uma expansão das pesquisas com o estabelecimento do Programa Anta Pantanal. No futuro próximo, a Iniciativa será estabelecida nos biomas Cerrado e Amazônia. Através destes projetos de pesquisa são coletados dados de ecologia, demografia, genética e epidemiologia das populações de Anta Brasileira em cada um destes biomas, e Planos de Ação Regionais para a conservação da espécie são desenvolvidos e implementados subsequentemente.
Sobre Patrícia Medici
Pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ecológicas (IPÊ) desde sua fundação, Patrícia Medici dedica-se ao estudo da Anta Brasileira (Tapirus terrestris) há 15 anos. Graduada em Engenharia Florestal pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ) da Universidade de São Paulo (USP) (1995), também possui Mestrado em Ecologia, Conservação e Manejo de Vida Silvestre pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) (2001) e Doutorado em Manejo de Biodiversidade pelo Centro DICE (Durrell Institute of Conservation and Ecology) da Universidade de Kent na Inglaterra (2010). Desde 2000, Patrícia é Presidente do Tapir Specialist Group – grupo afiliado à Comissão de Sobrevivência de Espécies (SSC – Species Survival Commission) da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN – International Union for Conservation of Nature) e composto por 150 profissionais que trabalham em prol da conservação das quatro espécies de antas. A Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira coordenada por Patrícia conta com o apoio institucional e financeiro de mais de 30 instituições nacionais e internacionais e de doadores privados sensíveis à causa. Ao longo de sua carreira, Patrícia já conquistou vários prêmios internacionais, entre eles o Harry Messel Award for Conservation Leadership (2004), o Golden Ark Award (2008), o Whitley Award (2008) e o DICE Research Prize (2011).
Talking Points
Quem são as antas pintoras?
As antas autoras das telas são animais que vivem em seis diferentes zoológicos norte-americanos: Brevard Zoo, Brookfield Zoo, Houston Zoo, John Ball Zoo, San Diego Zoo e Woodland Park Zoo.
De onde surgiu a ideia?
O Zoológico de Houston, no Texas, Estados Unidos, um dos principais apoiadores do evento brasileiro, vem trabalhando com orangotangos artistas desde 2005. O zoológico organiza a coleta anual de obras de arte destes animais em cativeiro em zoológicos americanos e realiza leilões para levantar fundos para iniciativas de pesquisa e conservação de orangotangos na natureza por meio do programa Pongos Helping Pongos. A iniciativa vem se mostrando um modelo de sucesso, podendo ser replicado para outras espécies.
Foi justamente o sucesso da ideia dos Estados Unidos que impulsionou a criação de iniciativa similar no Brasil. Alguns anos atrás, a pesquisadora Patrícia Medici demonstrou interesse em organizar o evento com a Anta Brasileira e o Zoológico de Houston aceitou ajudá-la nesta empreitada. Outros zoológicos americanos dispostos a colaborar foram identificados.
Como são feitas as pinturas?
As antas pintoras são orientadas por tratadores dos zoológicos que disponibilizam e direcionam as telas e as tintas para os animais. As tintas são orgânicas e atóxicas, por isso não prejudicam a saúde das antas de cativeiro.
Para onde vai o dinheiro arrecadado?
O dinheiro arrecadado com o leilão das obras, fotos de fotógrafos de natureza e outras manifestações artísticas doadas para o Evento Antas Pintoras será revertido para as atividades de pesquisa da Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira do IPÊ. A Iniciativa, coordenada pela pesquisadora Patrícia Medici, é um esforço conservacionista em nível nacional que visa estabelecer programas de pesquisa e conservação da anta nos principais biomas brasileiros onde ela ocorre. A Iniciativa teve seu início através do Programa Anta Mata Atlântica conduzido no Parque Estadual Morro do Diabo na região do Pontal do Paranapanema, oeste do Estado de São Paulo, entre 1996 e 2008. Em 2008 houve uma expansão das pesquisas com o estabelecimento do Programa Anta Pantanal. No futuro próximo, a Iniciativa será estabelecida nos biomas Cerrado e Amazônia. Através destes projetos de pesquisa são coletados dados de ecologia, demografia, genética e epidemiologia das populações de Anta Brasileira em cada um destes biomas, e Planos de Ação Regionais para a conservação da espécie são desenvolvidos e implementados subsequentemente.
Qual é a importância da anta para a biodiversidade?
A anta é o maior mamífero terrestre da América do Sul e tem papel fundamental na formação e manutenção da estrutura e biodiversidade das florestas por elas habitadas. A ausência de antas em determinados habitats pode levar ao rompimento de processos ecológicos de suma importância, dentre eles a predação e dispersão de sementes e a ciclagem de nutrientes, que contribuem para a manutenção da biodiversidade e funcionalidade das comunidades vegetais. Por esta razão, a anta é conhecida como a “Jardineira da Floresta”. A destruição e fragmentação de florestas, que resultam na perda e isolamento de hábitat, bem como a caça ilegal, atropelamentos e disseminação de doenças infecciosas ameaçam a sobreviência da anta por toda a sua distribuição geográfica.
Atualmente, é enorme a carência de informações a respeito da ecologia e estado de conservação da Anta Brasileira na natureza, o que justifica a realização de estudos sobre a espécie nos biomas onde ela ocorre incluindo a Mata Atlântica, Pantanal, Amazônia e Cerrado. Estudos de longo prazo produzem grande quantidade de dados e informações, formando a base científica sólida necessária para o desenvolvimento de estratégias de conservação efetivas para a espécie e seus habitats remanescentes.
Qual é o status da anta brasileira em vida livre?
A Anta Brasileira ocorre por praticamente toda a América do Sul em 11 países (Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Ecuador, Guiana, Guiana Francesa, Paraguai, Peru, Suriname e Venezuela). A Lista Vermelha da IUCN – International Union for Conservation of Nature (União Internacional para a Conservação da Natureza) lista a Anta Brasileira (Tapirus terrestris) como Vulnerável à Extinção em âmbito global (www.iucnredlist.org). No Brasil, o ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – realizou recentemente uma avaliação do estado de conservação da Anta Brasileira em todos os biomas onde a espécie ocorre e os resultados deste trabalho demonstraram que a espécie está “Quase Ameaçada” nos biomas Amazônia e Pantanal, “Ameaçada” nos biomas Cerrado e Mata Atlântica, e “Localmente Extinta” no bioma Caatinga.
As principais ameaças para a sobrevivência da espécie em nosso país são caça não sustentável, sobretudo no bioma Amazônia; desmatamento e fragmentação, sobretudo nos biomas Cerrado e Mata Atlântica; atropelamentos em rodovias em todo o país; no Pantanal, a transformação do sistema tradicional pantaneiro de pecuária extensiva em formas mais intensas de produção, envolvendo substituição de pastagens nativas por pastagens exóticas e impacto de maiores quantidades de gado nas florestas causa sérios impactos nas populações de anta.
*Obrigado especial para a Luciana Rolim, do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), pelo envio deste material excelente ao Diário do Verde.