Bioacumulação: trata do processo através do qual determinado poluente torna-se mais concentrado ao entrar na cadeia alimentar. Acontece muito com os metais pesados(chumbo, mercúrio…) e determinadas moléculas geradas pela química orgânica moderna, como certos agrotóxicos. Como são poluentes não metabolizados, nem metabolizáveis, pela maioria dos seres vivos, os metais pesados transportados pelas chuvas são absorvidos, por exemplo, por larvas de peixes. Os predadores comem as larvas contaminadas e, além de se contaminar, acumulam o poluente, porque comem muitas larvas e retêm a pequena dose de cada uma. O predador do predador se contamina com a dose da presa e também bioacumula. E assim por diante. Um indivíduo pode bioacumular ao longo de sua vida inteira, até que em dado momento a dose do produto bioacumulado se torna prejudicial ou fatal. Um exemplo, é o DDT– agrotóxico amplamente utilizado após a Segunda Guerra Mundial.
Biocenose: conceito muito antigo, a primeira definição foi postulada por Mobius, em 1877, bem antes da primeira definição de ecossistema. Para Mobius, a biocenose correspondia à totalidade de agrupamentos de seres vivos, cuja composição numérica e específica estava relacionada de forma estável, em dependência recíproca e direta de certas condições médias do meio ambiente. Mobius baseava-se no estudo de umacomunidadede crustáceos vivendo sobre um rochedo à beira-mar. Com o desenvolvimento da ciência ecológica, esse conceito foi sendo aprimorado. Hoje entende-se por biocenose um agrupamento de seres vivos, animais e/ou vegetais, vivendo reunidos num determinado local devido a atrações não recíprocas que exercem sobre eles os diversos fatores do meio ambiente. Condicionando-se mutuamente, essas comunidades se mantêm num estado de equilíbrio metaestável, cuja duração pode ser extremamente variável de uma biocenose a outra, assim como o espaço ocupado por cada uma (biótopo) no âmbito das paisagens. Índices desimilaridadeforam construídos, como por exemplo os de Sorensen ou Jacquard, para comparar a semelhança existente entre comunidades que compõem uma biocenose. O conceito de biocenose, aplicável em âmbito local e na escala da paisagem, é frequentemente confundido com o de biosfera, cuja abrangência é de nível planetário, ou com o de bioma, de âmbito macrorregional ou subcontinental. A proximidade em termos de abrangência espacial com o conceito de biótopo também não deve servir para confusões, já que são de natureza absolutamente distinta. O biótopo designa, em última instância, o espaço ocupado pelas biocenoses.
Bioma (formação/complexo): designa uma unidade imediatamente superior aos ecossistemas e paisagens, mas inferior à noção de biosfera. Reúne unidades ecológicas relativamente assemelhadas, homogêneas e funcionalmente interligadas. Resultado da ação de climas regionais ou macroclimas, o bioma possui, em condições naturais, uma vegetação no clímax, e sua fisionomia é bastante homogênea, independentemente de sua composição florística. Os biomas podem ser caracterizados por conjuntos depaisagensidênticas e repetitivas. Isso porque, apesar de incluírem animais e vegetais, os biomas correspondem bastante bem aos principais tipos de vegetação existentes no planeta. Nesse sentido, a noção de bioma aparece como de um grande valor de síntese e corresponde bastante às divisões do planeta utilizadas pela biogeografia. O conceito de bioma, aplicável a questões de âmbito macrorregional ou subcontinental, é frequentemente confundido com o da biosfera, cuja abrangência é de nível planetário, ou com o de biota, biocenose e biótopo, de âmbito regional e local.
Biosfera: o mundo vivo, resultado do processo evolutivo da vida sobre o planeta – uma multidão de organismos extremamente diversificados, incluindo desde os micróbios até as plantas e os animais superiores. Sua localização no planeta é essencialmente reduzida em termos verticais, mesmo se horizontalmente recobrem todo o globo. Em outras palavras, na epiderme da Terra, entre a geosfera e a atmosfera, existe uma película discreta denominada biosfera, o conjunto das formas de vida existentes. É constituída por todos os ambientes conquistados e ocupados pela vida. Para entender a biosfera, sua composição, estrutura e funcionamento, deve-se conhecer também a atmosfera (variáveis climáticas e meteorológicas) e a geosfera (variáveis edáficas e geomorfológicas, no caso da litosfera, e aquáticas, no caso da hidrosfera). O termo correto para a ecologia seria o deecosfera: a reunião da biosfera, da geosfera (litosfera e hidrosfera) e da atmosfera. A praticidade levou à generalização do uso do termo biosfera, sempre usado por ecólogos no seu sentido funcional e não descritivo. O conceito de biosfera, aplicável a questões de âmbito planetário, é frequentemente confundido com o de bioma ,biota, biocenose e biótopo, cuja abrangência é de nível macrorregional, regional e local. Dada sua dimensão planetária, a biosfera compreende fenômenos de extrema complexidade e envolve mais de um milhão de espécies animais e cerca de 300.000 vegetais repartidos de forma extremamente desigual, assimétrica e irregular ao longo dos oceanos, continentes, cadeias de montanhas etc.
Biota: conjunto dos seres vivos que compõe um ecossistema ou a vida existente num determinado território delimitado. O termo é equivalente a biocenose, apesar de este conceito indicar de forma mais característica a existência de comunidades de animais e vegetais interagindo e condicionando-se mutuamente, enquanto biota evoca a simples soma dos indivíduos e espécies existentes. O conceito de biota só é aplicável a questões de âmbito local e regional, apesar de ser frequentemente confundido com o de biosfera e bioma, cuja abrangência é planetária ou macrorregional.
Biótopo: refere-se ao componente ou espaço físico ocupado pela biocenose ou pelo ecossistema. Em geral é empregado para designar a parte não-viva do ecossistema (ou ainda elementos abióticos). As relações entre o biótopo e a biocenose não são do tipo aditivo, mas interativo, mais próximas do que em matemática se designa como produto tensorial. Estudar um biótopo na sua totalidade é tarefa impossível em ecologia, apesar dos abusos de linguagem nesse caso. Os ecólogos estudam parâmetros, alguns a partir de descritores dos biótopos: físicos, químicos, climáticos, meteorológicos, atmosféricos. Em termos absolutos, poder-se-ia afirmar que ninguém estuda ecossistemas, biocenoses, comunidades ou biótopos, mas sim parâmetros, através de descritores e variáveis, cuja obtenção e medida estão amplamente determinadas por critérios subjetivos do pesquisador. Entretanto em ecologia busca-se um entendimento global ou holístico dos problemas, mesmo que este não seja total.