A história do café começou no século IX, um pouco antes das contagens chegarem no milésimo. O que a história relata é que com a expansão e disseminação do Islamismo, as pessoas começaram a procurar uma bebida que substituísse as bebidas alcoólicas por algo forte mas sem álcool. E expandindo para a África, encontraram o café na Etiópia. O café passou a ser o eixo de encontros e discussões. Chegando na Europa os muçulmanos dominaram a península Ibérica e transmitiram o hábito do “vai cafezinho?” para a população local. No final do século XV, os portugueses expulsaram os chamados mouros da península Ibérica, mas não o café. E quando chegaram no Brasil também trouxeram o danado.
No século X, um pouco depois das contagens ultrapassarem o milésimo, provavelmente, começava a história da sustentabilidade. Digo “provavelmente” porque não existe nenhum marco regulatório (e nem mesmo consenso), mas foi no ano de 1079 que criaram a primeira área protegida no mundo – a floresta de New Forest no interior da Inglaterra (não se engane pela palavra “new”!). A área também não foi criada com os propósitos muito, vamos dizer, nobres – criaram como uma área de caça – mas foi muito importante pois trata-se da primeira ação de um estado no intuito de preservar populações viáveis de vida selvagem. Por isso, embora muitas filosofias de conservação e integração com a natureza já existiam há mais de 2000 mil anos antes de Cristo (como, por exemplo, o Budismo), New Forest foi um marco por ser uma ação prática do manejo sustentável.
O café rodou o mundo, e com mais de mil anos de história ainda é motivo para as pessoas se reunirem e conversarem. A sustentabilidade também rodou o mundo, e hoje é motivo para muitas pessoas se reunirem para tomar café. Daí o nome da coluna “café com sustentabilidade”. Agora me dão licença que tenho uma reunião em um coffee shop.
Rafael Morais Chiaravalloti, Londres-Inglaterra, 3/03/2011.